Trabalhos aprovados GT03

GT03: Antropologia, Arte e Comunicação

Reunir trabalhos que abordem, na perspectiva antropológica, os campos da arte e da comunicação, e as possibilidades de criação de um espaço de troca e de conhecimento de abordagens distintas.

Coordenadores:
Fernando Salis (UFRJ) e Vitor Grunvald (USP)
e-mails:  fasalis@forum.ufrj.br; vgrunvald@gmail.com


Trabalhos aprovados


O Caxambu e suas imagens simbólicas
 
Aissa Afonso Guimarães (UFES - Doutora em Comunicação e Cultura pela ECO/UFRJ)


Este trabalho analisa elementos simbólicos do Jongo/Caxambu no Espírito Santo, a partir de imagens dessa prática cultural em diferentes contextos. Nosso objetivo é analisar, através de fotografias, como seus elementos constitutivos narram esta prática cultural, identificando o Jongo/Caxambu, e também os grupos, por meio dos tambores, do vestuário, de imagens de devoção, estandartes, bens associados, etc.
As imagens analisadas neste trabalho compõem parte do banco de dados do Programa de Extensão “JONGOS E CAXAMBUS: culturas afro-brasileiras no Espírito Santo”, realizado em 2012 e 2013, através dos Editais PROEXT (2011 e 2012) - MEC/UFES”. Esse Programa desenvolveu pesquisas sobre memórias e patrimônio cultural das comunidades jongueiras/caxambuzeiras no referido Estado, e realizou ações de extensão voltadas para a construção das políticas públicas de salvaguarda desse bem cultural no Espírito Santo, na medida em que o Jongo no Sudeste é registrado como patrimônio imaterial brasileiro, pelo IPHAN, desde 2005.



Os resíduos criadores do “Burro sem rabo”/Hapax

Tatiana Bacal (UFRJ e PUC-Rio, Pós-doutoranda no PPGSA/IFCS/UFRJ)

Nesta apresentação proponho uma discussão da performance do coletivo Hapax, denominada “Burro sem rabo”, que consiste em uma série de performances de deriva urbana que objetiva ocupar espaços marginalizados de um grande centro urbano e intervir na paisagem sonora da cidade. O coletivo se propõe uma série de relações entre tecnologia, espaço urbano e modos de criação a partir da experiência de enfrentar a cidade com um grande carro metálico de carga que gera e coleta sons por onde passa e que cria desenhos digitais a partir de GPS para uma audiência no museu. Este trabalho propõe realizar uma etnografia dos resíduos: registros sonoros, escritos e audiovisuais que estão presentes nos sites do coletivo, dos integrantes individuais, em teses e artigos dos integrantes e em CDs.  Esses registros que passam a ter o poder de inventar uma nova experiência para aqueles que não participaram da performance, funcionam como “pessoas estendidas”, como afirma Gell (1998), com autonomia e relação com as performances originais. A partir dessa metodologia é possível refletir sobre a relevância dos registros para as performances e sobre a própria internet como espaço fundamental para uma etnografia dos resíduos, resíduos que são criações em si mesmas.


Notas sobre dois exercícios de registro fotográfico de danças populares

Maria Jose Alfaro Freire (UFRN - Doutora em Antropologia Social pelo MN/UFRJ)

O presente trabalho parte de duas experiências etnográficas com objetivo de produzir registros fotográficos de duas danças populares: de um lado, a Dança do Wititi, que acontece no contexto das festas patronais na região andina do Vale do Colca, Arequipa (Peru); de outro, a Dança do Espontão, que integra as celebrações a Nossa Senhora do Rosário, na comunidade quilombola de Boa Vista (Parelhas, Rio Grande do Norte, Brasil). Em ambos contextos, nas ultimas décadas, repertórios culturais têm sido acionados politicamente para representação de identidades sociais e vem ganhando atenção crescente nesse cenário. Práticas tradicionais dessas comunidades, as danças têm passado por intensificação do seu repertório coreográfico tradicional com novas demandas, passando a ser performatizada em novos cenários desde arenas politicas a arenas turísticas. Inovações coreográficas, inclusões de novos gestos e passos são o foco do registro fotográfico. Nesse trabalho se pretende formular alguns questionamentos metodológicos sobre o lugar do registro fotográfico na pesquisa da dança, sobretudo da dança popular.


O trabalho de Claudia Andujar e sua insujeição pela luz

Carolina Soares (Doutora em História, Teoria e Crítica da Arte pela ECA/USP)

Este texto é um recorte da tese Uma bricolagem virtual infinita: A representação do indígena no trabalho de Claudia Andujar (1960/70) desenvolvido na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Embora o ponto de partida tenha sido definido por conceitos da história da arte e da história da fotografia, a natureza multidisciplinar do objeto de estudo levou a aproximações, ainda que tímidas, com o campo da antropologia. O objetivo aqui esboçado está então em traçar um recorte que privilegie alguns aspectos estéticos do trabalho da artista cuja compreensão apoia-se na leitura de A inconstância da alma selvagem, de Eduardo Viveiros de Castro.


Processos de intervenção urbana e o papel do filme etnográfico enquanto mediador do processo comunicativo

Ana Rita Matias (Mestranda em Antropologia - Culturas Visuais na FCSH/UNL)

No contexto do recente processo de reabilitação sócio urbanística do bairro da Mouraria em Lisboa, propus utilizar o filme etnográfico como meio de comunicação, colocando em confronto as duas mais marcantes visões face à nova reconfiguração sócio espacial: a institucional e a popular.  Segundo uma perspectiva interpretativa com base na ritmanálise , propus uma pesquisa orientada pela câmera de filmar, usando-a como meio de comunicação numa tentativa de criação de um diálogo entre população e órgãos institucionais.